Não sou "politicamente correta", OK?

Da Política ao Prato-feito, vou vivendo cada dia como se fosse o último. E gostando do que faço.

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

UM PORCO EM GAZA








De: Sylvain Estibal.
Com Baya Belal, Myriam Tekaia e Sasson Gabai.
Comédia dramática.
França / Bélgica / Alemanha.

SINOPSE:

A história do divertidíssimo “Um Porco em Gaza” (Le Cochón de Gaza), mais uma daquelas pérolas imperdíveis, fala um pouco disso. Jafaar (Gabai) é um pescador Palestino que vive na Faixa de Gaza. Não bastasse a má sorte de pescar apenas uns "lambaris" para serem vendidos por uma merreca na feira local, Jafaar ainda pesca, num daqueles dias de azar, um porco de mais de 100 quilos que, inexplicavelmente, aparece em sua rede. 

A religião, como vamos percebendo no decorrer de película, sequer permite que o pescador toque no animal. Ou mesmo pisar na Terra Santa. Sem muita perspectiva ele tenta vender o porco, sem sucesso, na embaixada americana. É só após descobrir uma brecha que lhe leva a uma comunidade judaica, é que ele encontra um inusitado uso para o porco. Especialmente após conhecer a agricultora Yelena (Tekaia).

As tentativas de Jafaar de se livrar do porco, ou mesmo de tentar escondê-lo, também rendem momentos hilários. Da mesma forma os "incentivos" para que o animal realize o seu trabalho, também são capazes de fazer gargalhar pelo inusitado. Se não é um filme que chame tanto a atenção pela fotografia, efeitos especiais, trilha sonora ou ângulos de câmera, o mesmo não se pode dizer das atuações, extremamente convincentes e naturalistas. A impressão que temos é a de que, se a câmera for desligada, aquela lá será realmente a vida daqueles sujeitos.

O conflito Israel-palestiniano tem episódios e material para vários livros, artigos, reportagens, documentários, ou não fosse este um intrincado conflito bélico que dura há um largo número de anos e alberga no seu interior várias matizes que dificilmente poderiam ser abordadas numa  obra cinematográfica de comédia que procura satirizar ambos os lados do conflito.

Sasson Gabai revelou-se uma escolha acertada por parte de Sylvain Estibal, ao conseguir representar de forma peculiar e entusiasmante o protagonista do filme, um indivíduo simples, pouco letrado, mas com um enorme coração que procura dar uma vida melhor à mulher mas acaba quase sempre por envolver-se nas situações mais complicadas e estapafúrdias, sobretudo quando conta a seu lado com o porco do título, um personagem que serve sobretudo para unir os dois polos opostos da narrativa (judeus e árabes têm em comum o “ódio de estimação” por porcos).

O filme do diretor Sylvain Estibal ainda encontra uma solução emocionante, daquelas capazes de nos fazer refletir sobre o futuro em uma região em permanente estado de guerra.

Ganhou 2 prêmios (César, França; Festival de Tóquio, Japão).



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