Não sou "politicamente correta", OK?

Da Política ao Prato-feito, vou vivendo cada dia como se fosse o último. E gostando do que faço.

Nem só de Sexo vive a Humanidade, mas de toda a Risada que consiga dar. E de toda a Reflexão que consiga provocar.



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

"MODERNIDADE LÍQUIDA": POR QUE NÃO?






Dá para entender porque Zygmunt Bauman critica os tempos atuais, ou pós-modernos, em seus escritos sobre Modernidade Líquida. 

Sociólogo comunista, Bauman tinha as características próprias de sua ideologia e visão de mundo: a solidez, a rigidez, a imutabilidade. Tudo tinha, ou tem que ser monolítico, duro, sem nenhuma fluidez. 

A liberdade absoluta, a autonomia, a individualidade, vão na contramão do pensamento marxista. A liquidez, a constante mutação, a busca do prazer, o dar conta de si, o arriscar-se, incomodavam o famoso sociólogo falecido há pouco tempo. As relações fluidas, o sexo descompromissado, são malefícios burgueses para os de pensamento rígido. 

Em vez do coletivismo, o individualismo. Em lugar das relações que aprisionam, as conexões que podem ser rompidas. Mas Bauman não aceitou essa transformação do sólido em líquido por ser contra sua mentalidade forjada no Partido Comunista Polonês e como oficial do “Corpo de Segurança Interna” que combatia os insurgentes ucranianos que lutavam contra a dominação de seu país, sob o regime stalinista. Sim, o famoso e profícuo escritor era stalinista. 

A pós-modernidade é líquida, é como a água que se move e ocupa espaços, evita as pedras, rodeia obstáculos. Água não pede licença, invade. O corpo não é mais uma propriedade do Estado, mas dono de si, é mercadoria a ser admirada, tocada, trocada, comprada ou vendida para outro corpo se assim lhe aprouver. O dever cedeu lugar ao prazer, e isto assusta os "Homo sólidus" imutáveis. 

O que fazer com tantas ofertas e tamanha liberdade, perguntam-se aqueles que preferem a segurança de uma masmorra aos riscos de ter que escolher, já que a escolha implica em desistência de algo em favor de outra coisa. Abrir a porta do castelo e sair em busca do mundo é desafiador, implica em riscos. A sociedade de consumo é sedutora, mas cabe a cada um dizer sim ou não ao que é ofertado.
Não ser coagido, mas seduzido... Por que não?