Luiz Felipe Pondé é a encarnação da mais explícita vaidade. Ser polêmico, ou causar, é sua intenção. Afinal, a polêmica atrai público. É aquilo: falem mal, mas falem de mim. Isto não teria a mínima importância se ele, o filósofo das multidões, não tivesse “metido o pau” na tão comum Vaidade.
Todos somos vaidosos. Quando não no aspecto físico, pelo menos sob o ponto de vista intelectual, afinal “saber é poder”, atrai a massa que admira um discurso que não entende a fundo. E Pondé sabe disto, por isto está sempre, e somente, tangenciando suas teses.
Cheguei a uma conclusão: Luiz Felipe Pondé é um personagem de si mesmo. E está na moda e na mídia, pois esta sabe o que é vendável.
Gostei de Pondé quando li seu livro “Guia Politicamente Incorreto da Filosofia”. De lá pra cá passei a segui-lo, mas aos poucos fui vendo suas contradições e “saídas pela tangente”: cada vez que é interpelado sobre algo que escreveu e não pegou bem, sai com a ultra repetida frase: “Não foi bem isso que eu quis dizer” e remenda com argumentos pueris.
Mas passemos ao que interessa: seu livro "A filosofia da adúltera: Ensaios selvagens". Título chamativo que despertou minha atenção, pois gosto do que é selvagem. Baixei da internet, em PDF, e li num fôlego só, sempre esperando que o próximo capítulo tivesse algo de surpreendente, algo que lembrasse a “devassidão” de uma adúltera ou os tais ensaios selvagens. Nada. Pondé se limitou a análises políticas com algumas citações filosóficas da obra rodrigueana. Literalmente ele grudou em Nelson Rodrigues, afinal o dramaturgo falecido tem ressuscitado nos meios acadêmicos depois de anos no ostracismo. Está na moda.
Ambos, Pondé e Nelson, têm algo em comum: são moralistas e não se decidem sobre o que é o amor. Ora chamam de amor o sexo, ora não se decidem se a “mulher fácil” é aquela que dá pra todo o mundo apenas por esporte ou se é aquela que se apaixona a toda hora por um homem diferente e o leva pra cama.
Pondé não se afastou um milímetro da confusão criada por Nelson, muito menos a esclareceu ou fez juízo de valor, limitou-se a citar. Aliás, Rodrigues tinha obsessão por incestos, estupros, famílias disfuncionais, homossexualidade não declarada, assassinatos passionais... Mas dizia que isto é a vida como ela é. E Pondé acha o quê dessas perversões tidas como corriqueiras nos ambientes familiares? Não emitiu opinião, pois a posição do filósofo é "em cima do muro". Me pergunto: toda vida é assim, só há essa vida, que vida é essa? Na cabeça de Nelson Rodrigues só esse tipo de vida existe. Chamavam-no O Anjo Pornográfico, mas não era anjo e nem mesmo, pornográfico, era um obsessivo pessimista.
Dizia que denunciava a classe média, mas ele projetava seus estereótipos em quem nunca conheceu. Escrevia sobre, mas não recriminava ou aprovava, e se detinha em personagens sórdidos: um moralista forjado nas sacristias.
Quanto ao livro "A filosofia da adúltera: Ensaios selvagens", Pondé realmente nada acrescenta ou analisa, nada conclui. A adúltera não mostra nenhuma filosofia e, de selvagem, só existe o título.