Não sou "politicamente correta", OK?

Da Política ao Prato-feito, vou vivendo cada dia como se fosse o último. E gostando do que faço.

Nem só de Sexo vive a Humanidade, mas de toda a Risada que consiga dar. E de toda a Reflexão que consiga provocar.



quarta-feira, 5 de julho de 2017

COLHEITA AMARGA (Bitter Harvest ): O Genocídio de Stalin







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Colheita Amarga: filme ucraniano lançado em 2017 vem para mostrar ao mundo o horror do socialismo pleno. 

Como todos já sabem, inclusive aqueles que defendem o socialismo, o que aconteceu na extinta União Soviética foi, certamente, um dos experimentos mais bem sucedidos do ideal socialista. Sim, muito bem sucedido!

Enganam-se aqueles que pensam que o socialismo deu errado apenas porque resultou em milhões de mortes, miséria e devastação civilizacional. Para o socialismo dar errado ele teria que gerar prosperidade, oportunidades melhores para as pessoas e, acima de tudo, qualidade de vida, e se assim fosse ele seria de fato um socialismo fracassado. 

 A ideia do filme é mostrar como Stalin massacrou uma população inteira em nome do poder, além de ter feito isso de uma forma extremamente cruel. Claro que dá para traçar paralelos com muitos outros genocidas, como Idi Amin Dada, Adolf Hitler, Pol Pot, Mao Tsé Tung, etc. 

O caso ucraniano, no entanto, é sem nenhuma dúvida um dos mais elementares: exterminar multidões usando a FOME !

Para quem assistiu o trailer, deixo o link direto legendado. Não se preocupe, fui eu quem baixou o longa em torrent, passei anti vírus e coloquei a legenda. 


LINK DIRETO



terça-feira, 4 de julho de 2017

PASTOR BELGA MALINOIS, MINHA EXPERIÊNCIA



Filhote Belga Malinois Fêmea com 2 meses




Linda cadela, mas...

Comprei, toda feliz, achando que ela seria uma companhia para mim e para meu Pinscher, pois gostamos de sair a qualquer hora do dia e da noite. Ledo engano.

A criatura, apesar da pouca idade, é mto brava. Não deu sossego ao meu cachorrinho nem a mim. Como só estava com 2 meses e faltavam vacinas, não pude levá-la pra rua, o que seria importante para sua sociabilização. Conclusão: ela ficou mto brava e destruidora, apesar de ter ganho vários presentes. Largava tudo só para me morder. Braços e pernas ficaram furados e roxos.

No fim de 15 dias resolvi contratar um adestrador desses cascudos, acostumados com ferinhas. 

Como o sujeito está habituado a lidar somente com clientes "globais", imaginou que eu temeria grana para desperdiçar. R$ 3000,00 por 2 meses de adestramento é brincadeira de gente sem noção. Principalmente para um cão com características agressivas. No mínimo 8 meses para domar a ferinha e ensiná-la a me obedecer. 

Resumo da ópera. Demiti o sujeito, na hora. E, pra me livrar do problema de uma vez por todas, dei a ele a cachorra. Ela me custou a bagatela de 1900,00 + casa comprada de acordo + vacina + inúmeros brinquedos + vasilhames para água e comida...  

Uma pena, pois a cadela é lindíssima, tem pedigree e seria excelente se o adestrador não fosse um narcisista que acha que o mundo o olha com respeito e admiração. Eu o vi como é: um explorador. 

Mas dei a cadela pro sujeito pq ela estava a ponto de machucar seriamente o meu Pinscher. Aí, coitada, minha raiva seria mto pior do que os rompantes de loucura da Belga Malinois. E com certeza ela iria parar num saco de lixo qualquer. 

Por isso, um conselho: nunca comprem um cão que pode oferecer perigo à sua casa ou família. A não ser que você tenha a sorte de conseguir um adestrador DECENTE e categorizado. Não foi meu caso, infelizmente. 



sábado, 1 de julho de 2017

BATE-BOCA NO CÉU






Eu não estava bem, nada bem. Percebi isto porque o ar me faltava e várias pessoas de branco corriam de um lado para outro, aflitas. Umas me espetaram o braço. Senti ser injeção, pois doeu como a picada de uma agulha. Apaguei.

Quando voltei a mim estava em outro lugar. Parecia um palácio, de tão grande. No saguão, muita gente conversando baixo, quase ninguém ria, apenas sorrisos contidos. E andavam de um lado para outro como se estivessem de férias, sem nada para fazer.

Olhei em torno e percebi um velho, muito velho, numa espécie de trono. Parecia cochilar. Ao seu lado, sentado num banquinho um homem muito moreno, quase pardo. Devia ter por volta de quarenta e poucos anos. Assustei-me com o adorno que trazia na cabeça – parecia uma coroa de planta espinhosa. “Que diabo é isso?”, pensei intrigada. “Eita, conheço a figura. Não, não pode ser, estou maluca”, disse de mim para mim. Mas o fato é que o homem pardo, de cabelo crespo e comprido, me lembrou os velhos santinhos distribuídos nas igrejas quando eu era criança. Com uma diferença: nada de olhos azuis e cabelos dourados, parecia, mais, um árabe.
Nisso, o velho me chamou. Voz fraca, rouca, mas autoritária:

̶  Chega aqui!

̶  O que é? Quem são vocês? Que lugar é este?

̶  Você está no céu. Sou o rei dos reis. Este aqui é meu filho que...

̶  Pode parar!  ̶  Eu o interrompi.  ̶  Que diabos estou fazendo aqui? Quero ir embora. Agora!

̶  Hei, me respeita! Você morreu, não percebe? Aqui é o céu. E todos querem vir pra cá. Aqui há paz eterna.

̶  Não quero paz, quero muvuca, gente, badalação... Isto aqui é o fim da picada.

̶  Você vai encontrar seus parentes queridos, não fica contente? E também tem meu filho que sofreu muito para tirar os pecados do mundo, não é, filhão?

̶  Ora, eu nem era nascida quando você mandou matar seu filho! Que pai degenerado! E não quero saber daquela velharia da minha família que já nem lembro da cara. Quero cair fora, tá ouvindo?

O velho ficou sem saber o que dizer. Matutava alguma coisa enquanto tirava a dentadura que o incomodava há séculos, e a limpava na manga da túnica encardida. Ao seu lado, o filho coçava a cabeça e ajeitava a coroa de planta espinhosa. Com certeza não tinha mais nada o que fazer pela eternidade afora.  Eles pareciam sem saber o que dizer diante de uma mulher tão brava, e indignada por estar ali. Não estavam acostumados com isto.

̶  Quero descer, voltar pra terra. Prefiro enfrentar pivetes e trânsito caótico do que ficar aqui nessa pasmaceira.

̶  Não pode. Morreu, tá morta  ̶  irritou-se o velho.  ̶  Melhor é se conformar. E aqui só tem gente boa, virgens, música suave, anjos, santos... Hoje mesmo vai ter um recital de harpa. O que mais você quer?

̶   Quero praia, sol, beijo na boca, e detesto harpa, tá ouvindo? E essas carolas são um tormento. E pra que me servem anjos se é tudo capado? Me poupe!

Nessa hora o filho, com aquele eterno olhar de resignação, tentou me entender e perguntou pra onde eu queria ir. E falou que a Magdalena podia ser minha amiga e me levar pra passear nos jardins. Tinha muita flor, passarinho e lagos cheios de peixes dourados.

̶  Magdalena, aquela puta arrependida? Tá doido? E não quero saber de passear em jardim nem em ficar olhando laguinho com peixe dourado. Prefiro o mar bravo, as ondas, o calor de 40⁰, a rua cheia de gente.

Pai e filho se entreolharam pasmos. Não sabiam o que fazer, nem dizer, porque uma coisa era certa: para o mundo eu não poderia voltar. Resolveram, então, chamar o Mentor Real, um pombo que sabe tudo. Ele era o conselheiro para assuntos corriqueiros e para os difíceis também. Afinal, eles nunca haviam dado de cara com uma pessoa que detestasse o céu, muito pelo contrário, e talvez o Mentor soubesse o que fazer.

Voando meio de banda, já com as penas carcomidas pelo tempo, e cega de um olho, chegou a ave e pousou no braço do velho. Cochicharam por algum tempo numa língua estranhíssima  ̶  um arrulho intercortado por ais e uis  ̶  aliás, o mesmo dialeto que os Carismáticos usam em cerimônias dignas de hospício. Me olhavam de soslaio, imaginando que eu devia ter algum distúrbio emocional grave.

Ele voou para o meu lado, tonto como se tivesse de porre, e pousou perto. Pensei “Vou dar um teco nesse pombo sem GPS”, mas me contive, temendo represálias. Afinal, dizem que a ira do Todo Poderoso é terrível, e não sou besta de enfrentar isto. Vai que o velho resolve fazer chover 100 dias e 100 noites? Eu ficaria na maior deprê, com certeza. E, ainda mais, presa naquele lugar.

̶  E então, resolveram o quê? Aqui não fico, já disse  ̶  berrei.

̶  Vamos chamar minha mãe. Como ela também é mulher, vocês podem ficar amigas  ̶  sussurrou o filho, sem grande entusiasmo.

 Aliás, o sujeito parecia um deprimido crônico: não ria, falava baixo como se estivesse com medo do pai. Também, ninguém merece ser mandado para a morte pelo próprio genitor. Fica com um trauma que não há psicanalista que resolva. Mas eu não tinha nada a ver com isto e não me meto em assuntos de família.

̶  Não, mesmo! Não quero saber de nenhuma mulher que espalha aos quatro ventos que seu filho foi feito por um pombo e depois diz que a criança é de outro. Isto é bizarrice da grossa. Nem em manicômio tem uma coisa dessas!  ̶  retruquei.  ̶   Já sei! Quero ir para o inferno. Assim vocês se livram de mim e eu, de vocês. Lá vou encontrar pessoas normais, que gostam de comer, transar, dançar... Só espero que não tenha baile funk.  É isso! Me mandem para o inferno!

Os três se entreolharam espantados. E irritados com minha audácia. Afinal, eles não queriam perder uma alma para seu arqui-inimigo, o capeta  ̶  seria péssimo pra sua imagem. Não concordaram. Com voz melosa o velho tentou me bajular:

̶  Não podemos fazer isso. Você sempre foi uma pessoa do bem, ainda que seja muito atrevida. Pra lá só vai quem não presta.

Me enfureci, desesperada. E pulei no pombo cego de um olho, tentando esganá-lo. O filho, até então inexpressivo,  gritou e começou a chorar. O velho ficou vermelho, quase enfartando, e o pombo se debatia soltando penas pra tudo quanto é lado. Nesse momento o chão do céu se abriu e por ele surgiu a cabeça morena do capeta. Ele ria a bandeiras despregadas  ̶  o céu havia se transformado num pandemônio: as carolas corriam como baratas, de um lado para outro, se benzendo e rezando alto; os anjos, eunucos de nascença e por isto, bastante efeminados, batiam as asas, espalhando purpurina e dando gritinhos, enlouquecidos porque nunca haviam presenciado uma coisa dessas; padres e freiras se ajoelharam, aos prantos.

̶  Eita mulher danada!  ̶  gritou o capeta, gargalhando sem parar.  ̶   Vamos nessa, eu te levo, isto aqui é insuportável!  ̶   Emendou.

Eu já estava pronta pra descer pelo buraco aberto no chão e ir para onde as coisas acontecem. Mas aí o velho se levantou do trono, apoiado no braço do filho, e falou com raiva:

̶  Tá bom. Mas com esse aí você não vai! Volta pra terra e que se dane, sua insubordinada! O que você acha, filho? Melhor isso do que perder pro chifrudo.

̶  Você é quem manda, papi  ̶  respondeu um amedrontado Emanuel. Ele não era besta de contrariar o velho. Uma vez já fora parar na cruz; duas, seria demais pra qualquer santo.

O pombo cego de um olho, mas narcisista como ele só, pois era considerado a eminência parda do reino, aproximou-se de mim e me deu uma bicada no braço. A dor me fez desmaiar.

Acordei na minha cama. O sol estrava pela janela e o ventilador rodava a todo vapor. Me arrumei rapidinho e me mandei pra praia. Nunca o mar me pareceu tão maravilhoso, mas um machucado no braço ardeu pra caramba em contato com a água salgada. Olhei o ferimento. Parecia feito por algo que fura. “Esquisito isto”, pensei, distraída.