Não sou "politicamente correta", OK?

Da Política ao Prato-feito, vou vivendo cada dia como se fosse o último. E gostando do que faço.

Nem só de Sexo vive a Humanidade, mas de toda a Risada que consiga dar. E de toda a Reflexão que consiga provocar.



sábado, 25 de novembro de 2017

PELA VIDA DE REBECA !!!










"Nesta madrugada, o Supremo Tribunal Federal conheceu a história de Rebeca Mendes Silva Leite por meio de uma ação apresentada pelo PSOL e a Anis – Instituto Bioética pedindo o direito de interromper uma gravidez de poucas semanas, indesejada. 

E hoje convidamos você também a conhecer a história de Rebeca, contada por ela mesma, nesta carta direcionada a Ministra Rosa Weber, pedindo a descriminalização e segurança do aborto para o seu caso. 

Para além do STF, para além de Rosa Weber. Nós, mulheres, também precisamos saber a história de Rebeca. Reconhecer sua identidade, seu rosto, seus medos e anseios é protegê-la da lei que criminaliza, da sociedade que julga. É personificar a luta pela descriminalização para todas as brasileiras. 

 Em plena consciência de sua escolha, Rebeca lê, em vídeo, sua carta direcionada a Ministra Rosa Weber, pedindo a descriminalização e segurança do aborto para o seu caso. Se, ao longo das últimas semanas, a Anis tem trazido histórias que precisam ficar no anonimato por meio da campanha #EuVouContar, hoje é a Rebeca quem vai contar corajosamente a sua, personificar os medos e as dores de muitas de nós". 

Apoio totalmente. O Estado não pode decidir o que fazemos com o nosso corpo. Se ela tivesse grana já teria resolvido o problema, mas como é POBRE tem que ficar mendigando a compreensão de tribunal. E no STF só tem coisa ruim. Eles defendem BANDIDOS, que moral têm para julgar as decisões de uma mulher que não PODE e NÃO quer ter mais filho? 

País atrasado, hipócrita, de gente com mentalidade autoritária! Chegam a aconselhar que ela vá parir e depois dar o filho pra adoção. Que gente perversa! Quer dizer> é melhor REJEITAR, jogar no mundo. Grande futuro teria esse ser que, no momento, é apenas um EMBRIÃO. #PelaVidaDeRebeca

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

ARTISTAS DA REDE GLOBO JOGAM TODOS CONTRA TODOS. POR QUÊ?

"No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e blindem seus carros."
 Taís Araújo



Será que, apesar de estarem ricos, com séquitos de empregados e carros blindados, têm aquela veia maldita dos comunistas? Por que jogam uns contra os outros, seguindo a cartilha do Marxismo Cultural? O que lhes falta? Que ressentimentos escondem sob a aparência de satisfação com a vida que levam? 

Que ódio é esse num País que sempre foi pacífico e com povo cordial? Onde todos se misturam nos bares e nas praias, discutindo futebol e bebendo juntos? 

De onde tiram mentiras que deixam a todos nós indignados e pasmos? 

Não dá para entender ou aceitar uma historinha tão sem pé nem cabeça como essa última criada pela "global" Taís Araújo. Mas ela não disse onde e quando aconteceu essa situação. 



Mas o povo, sabendo de seu ódio gratuito, não perdoa. E se manifesta, com indignação, raiva e irreverência, nas Redes Sociais.
É compreensível, pois a toda ação corresponde uma reação com a mesma potência e em sentido contrário. O brasileiro está cansado!!!



Os Beatles, já adivinhando o que aconteceria no futuro, atravessaram a rua por preocaução...

A mulher é rica, bonita, bem sucedida, famosa, mas, em vez de ser feliz se empenha em destilar ódio contra um tudo e todos. E prejudica o próprio filho, uma criança inocente que está sendo usada como propaganda raivosa para fins nada saudáveis. 



O conselho do grande ator Morgan Freeman deveria ser seguido e levado em consideração para tentarmos viver num mundo melhor e menos dividido.

Mas parece que a Rede Globo e seus artistas não concordam, preferem apostar numa luta campal. É preocupante.  

domingo, 19 de novembro de 2017

PROF. CLÓVIS DE BARROS FILHO - Pra trás nem pra pegar impulso.




  Professor de Ética, fantástico, pois foge às normas politicamente corretas.  E assim se aprende Filosofia sem a monotonia daqueles professores que se levam a sério. 

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

FUSCA, O MAIS FANTÁSTICO CARRO DE TODOS OS TEMPOS!!!





Feito pra durar e com preço acessível, o Fusca foi pedido de Hitler a Ferdinand Porsche, pois queria que todo alemão pudesse ter um carro.  
O velho “beetle” foi nomeado Volkswagen, que como todos sabem, provem do idioma alemão e seu significado é “Carro do Povo“.




Robusto, valente, anfíbio, um carrinho que vence qualquer estrada e muito fácil de consertar. E com uma personalidade incrível. Foi um dos carros mais famosos em todo o mundo, e até hoje tem adeptos que o colecionam como uma joia rara. E é.

Já tive 3 e não vou parar por aqui.  

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

A QUEDA QUE AS MULHERES TÊM PELOS TOLOS - Machado de Assis






Texto-fonte:
Obra Completa, Machado de Assis,
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.III, 1994.

Publicado originalmente em A Marmota, Rio de Janeiro, 19, 23, 26 e 30/04 e 03/05/1861.

ADVERTÊNCIA

Este livro é curto, talvez devera sê-lo mais.
Desejo que ele agrade, como me sai das mãos; mas é com pesar que me vanglorio por esta obra.
Falar do amor das mulheres pelos tolos, não é arriscar ter por inimigas a maioria de um e outro sexo?
Diz-se que a matéria é rica e fecunda; eu acrescento que ela tem sido tratada por muitos. Se tenho, pois, a pretensão de ser breve, não tenho a de ser original.
Contento-me em repetir o que se disse antes de mim; minhas páginas conscienciosas são um resumo de muitos e valiosos escritos. Propriamente falando, é uma comparação científica, e eu obteria a mais doce recompensa de meus esforços, como dizem os eruditos, se inspirasse aos leitores a idéia de aprofundar um tão importante exemplo.
Quanto à imparcialidade que presidiu à redação deste trabalho, creio que ninguém a porá em dúvida.
Exalto os tolos sem rancor, e se critico os homens de espírito, é com um desinteresse, cuja extensão facilmente se compreenderá.
I
Il est des noeuds secrets, il est des sympathies.
Passa em julgado que as mulheres lêem de cadeira em matéria de fazendas, pérolas e rendas, e que, desde que adotam uma fita, deve-se crer que a essa escolha presidiram motivos plausíveis.
Partindo deste princípio, entraram os filósofos a indagar se elas mantinham o mesmo cuidado na escolha de um amante, ou de um marido.
Muitos duvidaram.
Alguns emitiram como axioma, que o que determinava as mulheres, neste ponto, não era, nem a razão, nem o amor, nem mesmo o capricho; que se um homem lhes agradava, era por se ter apresentado primeiro que os outros, e que sendo este substituído por outro, não tinha esse outro senão o mérito de ter chegado antes do terceiro.
Permaneceu por muito tempo este sistema irreverente. Hoje, graças a Deus, a verdade se descobriu: veio a saber-se que as mulheres escolhem com pleno conhecimento do que fazem. Comparam, examinam, pesam, e só se decidem por um, depois de verificar nele a preciosa qualidade que procuram.
Essa qualidade é... a toleima!
II
Desde a mais remota antiguidade, sempre as mulheres tiveram a sua queda para os tolos.
Alcibíades, Sócrates e Platão foram sacrificados por elas aos presumidos do tempo. Turenne, La Rochefoucauld, Racine e Molière, foram traídos por suas amantes, que se entregaram a basbaques notórios. No século passado todas as boas fortunas foram reservadas aos pequenos abades. Estribadas nesses exemplos, as nossas contemporâneas continuaram a idolatrar os descendentes dos ídolos das suas avós.
Não é nosso fim censurar uma tendência, que parece invencível; o que queremos é motivá-la.
Por menos observador e menos experiente que seja, qualquer pessoa reconhece que a toleima é quase sempre um penhor de triunfo. Desgraçadamente ninguém pode por sua própria vontade gozar das vantagens da toleima. A toleima é mais do que uma superioridade ordinária: é um dom, é uma graça, é um selo divino.
"O tolo não se faz, nasce feito."
Todavia, como o espírito e como o gênio, a toleima natural fortifica-se e estende-se pelo uso que se faz dela. É estacionária no pobre-diabo, que raramente pode aplicá-la; mas toma proporções desmarcadas nos homens a quem a fortuna, ou a posição social cedo leva à prática do mundo. Este concurso da toleima inata e da toleima adquirida é que produz a mais temível espécie de tolos, os tolos que o acadêmico Trublet chamou "tolos completos, tolos integrais, tolos no apogeu da toleima."
O tolo é abençoado do céu pelo fato de ser tolo, e é pelo fato de ser tolo, que lhe vem a certeza, de que, qualquer carreira que tome, há de chegar felizmente ao termo. Nunca solicita empregos, aceita-os em virtude do direito que lhe é próprio: Nominor leo. Ignora o que é ser corrido ou desdenhado; onde quer que chegue, é festejado como um conviva que se espera.
O que opor-lhe como obstáculo? É tão enérgico no choque, tão igual nos esforços e tão seguro no resultado! É rocha despegada, que rola, corre, salta e avança caminho por si, precipitada pela sua própria massa.
Sorri-lhe a fortuna particularmente ao pé das mulheres. Mulher alguma resistiu nunca a um tolo. Nenhum homem de espírito teve ainda impunemente um parvo como rival. Por quê?... Há necessidade de perguntar por quê? Em questão de amor, o paralelo a estabelecer entre o tolo e o homem de siso, não é para confusão do último?
III
Em matéria de amor, deixa-se o homem de espírito embalar por estranhas ilusões. As mulheres são para ele entes de mais elevada natureza que a sua, ou pelo menos ele empresta-lhes as próprias idéias, supõe-lhes um coração como o seu, imagina-as capazes, como ele, de generosidade, nobreza e grandeza. Imagina que para agradar-lhes é preciso ter qualidades acima do vulgar. Naturalmente tímido, exagera mais ao pé delas a sua insuficiência; o sentimento de que lhe falta muito, torna-o desconfiado, indeciso, atormentado. Respeitoso até à timidez, não ousa exprimir o seu amor em palavras; exala-o por meio de uma não interrompida série de meigos cuidados, ternos respeitos e atenções delicadas. Como nada quer à custa de uma indignidade, não se conserva continuamente ao pé daquela que ama, não a persegue, não a fatiga com a sua presença. Para interessá-la em suas mágoas, não toma ares sombrios e tristes; pelo contrário, esforça-se por ser sempre bom, afetuoso e alegre junto dela. Quando se retira da sua presença, é que mostra o que sofre, e derrama as suas lágrimas em segredo.
O tolo, porém, não tem desses escrúpulos. A intrépida opinião que ele tem de si próprio, o reveste de sangue frio e segurança.
Satisfeito de si, nada lhe paralisa a audácia. Mostra a todos que a ama, e solicita com instância provas de amor. Para fazer-se notar daquela que ama, importuna-a, acompanha-a nas ruas, vigia-a nas igrejas e espia-a nos espetáculos. Arma-lhe laços grosseiros. À mesa, oferece-lhe uma fruta para comerem ambos, ou passa-lhe misteriosamente, com muito jeito, um bilhete de amores. Aperta-lhe a mão a dançar e saca-lhe o ramalhete de flores no fim do baile. Numa noite de partida, diz-lhe dez vezes ao ouvido: "Como é bela!", porquanto revela-lhe o instinto, que pela adulação é que se alcançam as mulheres, bem como se as perde, tal como acontece com os reis. De resto, como nos tolos tudo é superficial e exterior, não é o amor um acontecimento que lhes mude a vida: continuam como antes a dissipá-la nos jogos, nos salões e nos passeios.
IV
O amor, disse alguém, é uma jornada, cujo ponto de partida é o sentimento, e cujo termo inevitável a sensação. Se é isto verdade, o que há a fazer, é embelecer a estrada e chegar o mais tarde possível ao fim. Ora, quem melhor do que o homem de espírito sabe parolar à beira do caminho, parar c colher flores, sentar-se às sombras frescas, recitar aventuras e procurar desvios e delongas? Um caracol de cabelos mal arranjado, um cumprimento menos apressado que de costume, um som de voz discordante, uma palavra mal escolhida, tudo lhe é pretexto para demorar os passos e prolongar os prazeres da viagem. Mas quantas mulheres apreciam esses castos manejos, e compreendem o encanto dessas paradas à borda de uma veia límpida que reflete o céu? Elas querem amor, qualquer que seja a sua natureza, e o que o tolo lhes oferece é-lhes bastante, por mais insípido que seja.
V
O homem de espírito, quando chega a fazer-se amar, não goza de uma felicidade completa. Atemorizado com a sua ventura, trata antes de saber por que é
feliz! Pergunta por que e como é amado; se, para uma amante, é ele uma necessidade, ou um passatempo; se ela cedeu a um amor invencível; enfim, se é ele amado por si mesmo. Cria ele próprio e com engenho as suas mágoas e cuidados; é como o Sibarita que, deitado em um leito de flores, sentia-se incomodado pela dobra de uma folha de rosa. Num olhar, numa palavra, num gesto, acha ele mil nuanças imperceptíveis, desde que se trata de interpretá-las contra si. Esquece os encômios que levemente o tocam, para lembrar-se somente de uma observação feita ao menor dos seus defeitos e que bastante o tortura. Mas, em compensação desses tormentos, há no seu amor tanto encanto e delícias! Como estuda, como extrai, como saboreia as volúpias mais fugitivas até a última essência! Como a sua sensibilidade especial sabe descobrir o encanto das criancices frívolas, dos invisíveis atrativos, dos nadas adoráveis!
O tolo é um amante sempre contente e tranqüilo. Tem tão robusta confiança nos seus predicados, que antes de ter provas, já mostra a certeza de ser amado. E assim deve ser. Em sua opinião faz uma grande honra à mulher a quem dedica os seus eflúvios. Não lhe deve felicidade; ele é que lha dá; e como tudo o leva a exagerar o benefício, não lhe vem à idéia de que se possa ter para com ele ingratidões. Assim, no meio das alegrias do amor, saboreia ainda a embriaguez da fatuidade. Mas como, em definitivo, é ele próprio o objeto de seu culto, depressa o tolo se aborrece, e como o amor para ele não é mais que um entretenimento que passa, os últimos favores, longe de o engrandecerem mais, desligam-no pela sociedade.
VI
O homem de espírito vê no amor um grande e sério negócio, ocupa-se dele como do mais grave interesse de sua vida, sem distração, nem reserva. Pode perder nele algumas das suas qualidades viris, mas é para crescer em abnegação, em dedicação, em bondade. Suporta tudo daquela que ama sem nada exigir dela. Quando ela atende a alguns dos seus votos, quando previne alguns dos seus desejos, longe de ensoberbecer-se, agradece com uma efusão mesclada de surpresa. Perdoa-lhe generosamente todos os males que lhe causa porque, muito orgulhoso para enraivecer-se ou lastimar-se, não sabe provocar, nem a piedade que enternece, nem o medo que faz calar. Oh! que inferno, se a má ventura lhe depara uma mulher bela e má, uma namoradeira fria de sentidos, ou uma moça de rabugice precoce!
Sofre então vivamente com a perfídia da mulher amada, mas desculpa-a pela fragilidade do sexo. A sua indulgência pode então conduzi-lo à degradação. Ele segue a olhos fechados o declive que o arrasta ao abismo, sem que a queixa, a ambição, a fortuna possam retê-lo.
O néscio escapa a estes perigos. Como não é ele quem ama, é ele quem domina. Para vencer uma mulher finge por alguns momentos o excesso de desespero e de paixão; mas isso não passa de um meio de guerra, tática de cerco para enganar e seduzir o inimigo. Logo depois recobra ele a tirania, e não a abdica mais. Para entreter-se nisso, tem o tolo o seu método, as suas regras, a sua linha de conduta. É indiscreto por princípio, porquanto divulgando os favores que recebe, compromete a que lhe concede e ao mesmo tempo afasta as rivalidades nascentes. É suscetível pela razão, cioso por cálculo, a fim de promover estes proveitosos amuos, que lhe servem, a seu grado, para conduzir a uma ruptura definitiva, ou para exigir um novo sacrifício. Mostra uma cruel indiferença, indicando pouca confiança nas provas de simpatia que lhe dão. Num baile, proibindo à sua amante de dançar, não faz caso dela, de propósito. Aflige-a com aparências de infidelidade, falta à hora marcada para se encontrarem, ou, depois de se ter feito esperar, vem, dando desculpas equívocas de sua demora. Hábil em semear a inquietação e o susto, faz-se obedecer à força de ser tirano, e acaba por inspirar uma afeição sincera à força de promovê-la.
VII
O homem de espírito, assustado com o vácuo imenso, que deixa no coração uma afeição que se perde, só rompe o laço que o prende à causa de dilacerações interiores.
Como bem se disse, sendo preciso um dia para conseguir, é preciso mil para se reconquistar.
Mesmo no momento em que volta a ser livre: quantas vezes um sorriso, um meneio de cabeça, uma maneira de puxar o vestido, ou de inclinar o chapelinho de sol, não o faz recair no seu antigo cativeiro!
De resto, a mulher, a quem ele tiver revelado o segredo do seu coração, ficará sempre para ele como ser à parte. Não a esquece nunca.
Morta, ou separado, nutre por aquela que a perdeu longas saudades. Perseguido pela lembrança que dela conserva, descobre muitas vezes que as outras mulheres por quem se apaixona só têm o mérito de se parecerem com ela. Dá-se ele então a comparações que o desvairam, que o irritam, que o põem fora de si, exigindo no seu trajar, no seu andar e até no seu falar alguma coisa que lhe recorde
o seu implacável ideal.
E se é ele o abandonado, que de torturas que sofre!
Viver sem ser amado parece-lhe intolerável. Nada pode consolá-lo ou distraí-lo.
No caso de tornar a ver os sítios que foram testemunhas da sua felicidade, evoca à sua memória mil circunstâncias perseverantes e cruéis. Ali está a cerca cheirosa, cujos espinhos rasgaram o véu da infiel; aqui, o rio que a medrosa só ousava atravessar amparada pela sua mão; além está a alameda, cuja areia fina parece ter ainda o molde de seus ligeiros passos. Contempla na janela as longas e alvas cortinas, no peitoril os arbustos em flor, na relva a mesa, o banco, as cadeiras em que outrora se sentaram.
É possível que ela tenha mudado tão de repente? Pois não foi ainda ontem que de volta de um passeio ao bosque, lhe enxugou o suor da testa, e que se prendia em doce e estranho amplexo?...
Hoje, nem mais doçuras, nem mais apertos de mão, nem mais dessas horas ébrias em que todo o passado ficava esquecido! Ele está só, entregue a si mesmo, sem força, sem alvo: é o delírio do desespero.
O tolo está acima dessas misérias. Não o assusta um futuro prenhe de qualquer inquietação aflitiva. Sempre acobertado pela bandeira da inconstância, desfaz-se de uma amante sem luta, nem remorsos; utiliza uma traição para voar a novas aventuras. Para ele nada há de terrível em uma separação, porque nunca supõe que se possa colocar a vida numa vida alheia, e que fazendo-se um hábito dessa comunidade de existência, faz-se pouco novamente sofrer, quando ela tiver de quebrar-se.
Da mulher, que deixa de amar, ele só conserva o nome, como o veterano conserva o nome de uma batalha para glorificar-se, ajuntando-o ao número das suas campanhas.
VIII
Há uma época em que custa-se muito a amar. Tendo visto e estudado um pouco a mulher, adquire-se uma certa dureza que permite aproximar-se sem perigo das mais belas e sedutoras. Confessa-se sem rebuço a admiração que elas inspiram, mas é uma admiração de artista, um entusiasmo sem ternura. Além disso, ganha-se uma penetração cruel para ver, através de todos os artifícios de casquilha, o que vale a submissão que elas ostentam, a doçura que afetam, a ignorância que fingem. E prenda-se um homem nessas condições!
De ordinário, é entre trinta a trinta e cinco anos, que o coração do homem de espírito fecha-se assim à simpatia e começa a petrificar-se. É possível que nele tornem a aparecer os fogos da mocidade, e que ele venha a sentir um amor tão puro, tão fervente, tão ingênuo como nos frescos anos da adolescência; longe de ter perdido as perturbações, as apreensões, os transportes da alma amorosa, sente-os ele de novo com emoção mais profunda e dá-lhes um preço tanto mais elevado, quanto ele está certo de não os ver renascer.
Oh! então lastima-se o pobre insensato! Ei-lo obrigado a ajoelhar-se aos pés de uma mulher para quem é nada o mérito de caminhar pouco e pouco atrás de sua sombra, de fazer exercício em torno aos seus vestidos, de se extasiar diante de seus bordados, de lisonjear os seus enfeites. Ai, triste! esses longos suplícios o revoltam, e, Pigmalião desesperado, afasta-se de Galatéia, cujo amor se não pode reanimar.
Esses sintomas de idade são desconhecidos ao tolo, porquanto cada dia que passa não lhe faz achar no amor um bem mais caro, ou mais difícil a conquistar. Não tendo sido, nem melhorado, nem endurecido pelos reveses da vida, continuando a ver as mulheres com o mesmo olhar, exprime-lhes os seus amores com as mesmas lágrimas e os mesmos suspiros que lhes reserva para pintar os antigos tormentos. E como ele só exigiu sempre delas aparências de paixão, vem facilmente a persuadir-se que é amado. Longe de fugir, persevera e
— triunfa.
IX
O homem de espírito é o menos hábil para escrever a uma mulher.
Quando se arrisca a escrever uma carta, sente dificuldades incríveis. Desprezando
o vasconço da galanteria, não sabe como se há de fazer entender. Quer ser reservado e parece frio; quer dizer o que espera e indica receio; confessa que nada tem para agradar, e é apanhado pela palavra. Comete o crime de não ser comum ou vulgar. As suas cartas saem do coração e não da cabeça; têm o estilo simples, claro e límpido, contendo apenas alguns detalhes tocantes. Mas é exatamente o que faz com que elas não sejam lidas, nem compreendidas. São cartas decentes, quando as pedem estúpidas.
O tolo é fortíssimo em correspondência amorosa, e tem consciência disso. Longe de recuar diante da remessa de uma carta, é muitas vezes por aí que ele começa. Tem uma coleção de cartas prontas para todos os graus de paixão. Alega nelas em linguagem brusca o ardor de sua chama; a cada palavra repete: meu anjo, eu vos adoro. As suas fórmulas são enfáticas e chatas; nada que indique uma personalidade. Não faz suspeitar excentricidade ou poesia; é quanto basta; é medíocre e ridículo, tanto melhor. Efetivamente o estranho que ler as suas missivas, nada tem a dizer; na mocidade o pai da menina escrevia assim; a própria menina não esperava outra coisa. Todos estão satisfeitos, até os amigos. Que querem mais?
X
Enfim, o homem de espírito, em vista do que é, inspira às mulheres uma secreta repulsa. Elas se admiram com o ver tímido, acanham-se com o ver delicado, humilham-se com vê-lo distinto.
Por muito que ele faça para descer até elas, nunca consegue fazê-las perder o acanhamento; choca-as, incomoda-as, e esse acanhamento, de que ele é causa, torna frias as conversações mais indiferentes, afasta a familiaridade e assusta a inclinação prestes a nascer.
Mas o tolo não atrapalha, nem ofusca as mulheres. Desde a primeira entrevista, ele as anima e fraterniza-se com elas. Eleva-se sem acanhamento nas conversas mais insulsas, palra e requebra-se como elas. Compreende-as e elas o compreendem. Longe de se sentirem deslocadas na sua companhia, elas a procuram, porque brilham nela. Podem diante dele absorver todos os assuntos e conversar sobre tudo, inocentemente, sem conseqüência. Na persuasão de que ele não pensa melhor, nem contrário a elas, auxiliam o triste, quando a idéia lhe falta, suprem-lhe a indigência. Como se fazem valer por ele, é justo que lhe paguem, e por isso consentem em ouvi-lo em tudo. Entregam-lhe assim os seus ouvidos, que é o caminho do seu coração, e um belo dia admiram-se de ter encontrado no amigo complacente um senhor imperioso!
XI
Compreende-se, por este curto esboço, como e quanto diferem os tolos e os homens de espírito nos seus meios de sedução. A conclusão final é, que os tolos triunfam, e os homens de espírito falham, resultado importante e deplorável, nesta matéria sobretudo.
XII
Depois de ter indagado as causas da felicidade dos tolos, e da desgraça dos homens de espírito: perderemos tempo precioso em acusar as mulheres? Não hesitamos em deitar as culpas sobre os homens de espírito, como fez o profundo Champcenets.
Por que não estudam os tolos, diz-lhes este autor, para conseguir imitá-los? Há de custar-vos muito fazer um tal papel: mas há proveito sem desar? E depois, quando assim sois a isso obrigado, visto como não vos dão outro meio de solução, querer subtrair o belo sexo a império dos tolos, descortinando-lhe a perversidade do seu gosto, é coisa em que ninguém deve pensar, é uma loucura; fora o mesmo que querer mudar a natureza, ou contrariar a fatalidade.
Porquanto, ficai sabendo, continua Champcenets, que as mulheres não são senhoras de si próprias; que nelas tudo é instinto ou temperamento, e que portanto elas não podem ser culpadas de suas preferências. Só respondemos pelo que praticamos com intenção e discernimento. Ora, qual delas pode dizer que predileção a impele, que paixão a obriga, que sentimento a faz ingrata, ou que vingança lhe dita as malignidades? Debalde procurareis delas tão cruel prodígio; nenhuma é cúmplice do mal que causa: a este respeito, o seu estouvamento atesta-lhes a candura.
Por que vos obstinais em pedir-lhes o que a Providência não lhes deu? Elas se apresentam belas, apetitosas e cegas: não vos basta isto? Querê-las com juízo, penetrantes e sensíveis, é não conhecê-las.
Procurai as mulheres nas mulheres, admirai-lhes a figura elegante e flexível, afagai-lhes os cabelos, beijai-lhes as mãos mimosas; mas tomai como um brinquedo o seu desdém, aceitai os seus ultrajes sem azedume, e às suas cóleras mostrai indiferença. Para conquistar esses entes frágeis e ligeiros, é preciso atordoá-los pelo rumor dos vossos louvores, pelo fasto do vosso vestuário, pela publicidade das vossas homenagens.
XIII
Sim, sim, é mister ousar tudo para com as mulheres.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

TRABALHO ESCRAVO QUE PAGA 30 mil POR MÊS !!!



Luislinda Valois

Nisso é que dá pegar uma "mãe de santo" ungida a dendê e jogá-la num ministério de coisa nenhum. 

 Pra essa "linda", salário de 30 mil é coisa de escravo. Diz que vai morrer de fome com um salário desses.

 É melhor o Temer tirar essa escrava do ministério. Me ofereço por 10 mil. E faço hora extra, não preciso de carro oficial, nem auxílio moradia.

CIRCLE OF LIFE - Elton John




Num mundo onde parece que tudo o que é belo e bom está se dissolvendo.

Num mundo onde ninguém olha ninguém, onde a natureza é ignorada.

Num mundo onde ideologias secas se multiplicam e se digladiam pelo poder.

Nesse mundo ainda há beleza e ternura, basta procurar com os olhos do coração.

E se encontra essa música que diz muito e mostra o que é importante como exemplo. 

Não importa se os donos da produção se sintam lesados em seus bolsos, mas importa, sim, repartir com quem ainda precisa de um pouco de ternura e paz para não se sentir perdido em meio à ganância. 

Essa é o mais belo e terno clip feito por Elton John. Não quero saber se foi "de  coração" ou se foi por dinheiro, eu divulgo por solidariedade a quem tem o mesmo anseio que eu: beleza e ternura.

sábado, 14 de outubro de 2017

IDEOLOGIA DE GÊNERO - Luis Felipe Pondé





Imaginem a escola de seu filho, afirmando que ele não é menino ou menina, é meninx. O mal que isso pode acarretar na psiquê da criança é inimaginável. A quem interessa essa perversa e pervertida "Engenharia Social"? Todos sabemos, pois está no decálogo de Lênin: "Destruir as crianças para destruir a família". A família é a base da Sociedade, sem ela, o caos se implanta e o marxismo toma conta. Só absolutos psicopatas desejam uma Sociedade caótica. E podem crer: eles estão em toda parte, corroendo o Sistema onde vivemos e criamos nossos filhos. Pode não ser ideal, mas ainda é o melhor para se viver.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O BARATO DE GRACE - Legendado Online










SINOPSE:

 A jardineira Grace Trevethen descobre horríveis ervas daninhas no seu imaculado jardim. A primeira surge sob a forma de uma trágica notícia: seu marido morreu num desastre de avião. A segunda, mais daninha ainda, brota de maneira surreal: o acidente aconteceu porque ele pulou do avião… sem pára-quedas! A terceira ameaça destruir sua segurança: seu marido lhe deixou dívidas enormes e ela terá que vender a casa. 

Seu ajudante Matthew vê esta invasão de ervas daninhas com tristeza. Até que decide levar uma plantinha doente para Grace cuidar. Trata-se de um espécime inédito naquele jardim: um pé de maconha. Ela salva o pé de cannabis enquanto corre dos credores.

 Matthew também tem problemas, pois mesmo sem emprego ou salário, prometeu se casar com a namorada. Desesperados, eles resolvem usar as famosas habilidades de Grace para multiplicar a maconha e resolver seus problemas. Mas, como vendê-las?


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

MARIA ANTONIETA, A RAINHA TRÁGICA - Online




Os professores convocados para torná-la uma mulher culta, as aulas intermináveis de várias disciplinas, não surtiram grande efeito, pois ela se desinteressava dos estudos. 

Aos 14 anos, quando desembarcou na França para casar com o futuro rei do país, Luís XVI, Maria Antonieta Habsburgo-Lorena (1755-1793), filha do imperador Francisco I, da Áustria, era uma garota fútil. Aos poucos, porém, foi superando a imaturidade, apesar da queda incontrolável pelos passeios de carruagem e bailes de máscara. 

Aperfeiçoou o francês, embora jamais conseguisse falar bem essa língua, tomou aulas de teoria e solfejo, harpa e cravo. Frequentou o teatro e participou de salões intelectuais. Conviveu com filósofos, compositores, romancistas, teatrólogos. Mas jamais se livrou da imagem de mulher leviana, vaidosa e perdulária. 

O rei permitia que fosse a todos os lugares sozinha, vestindo roupas exageradas e usando cabelos volumosos. Extrapolando a liberdade, teria sido infiel ao marido, a quem deu quatro filhos, mas ao qual nunca amou. 

Com o retraído, porém educado, Luís XVI aprendeu a comer bem, tornando-se exigente à mesa, a ponto de, conforme a enciclopédia francesa Larousse Gastronomique (Larousse-Bordas, Paris, 1996), haver introduzido em 1770, no Palácio de Versalhes, antigo centro do poder na França, o antológico croissant - pãozinho de origem austríaca, com massa levedada ou folhada, em formato de meia-lua. 

Entretanto, era uma mulher lindíssima. No início, sua beleza seduziu o povo francês. Depois, por ser estrangeira e revelar-se contrária às reformas almejadas pela população, caiu em desgraça. Foi injuriada e até chamada de prostituta. 

Com a Revolução Francesa - onde o terror reinou e massacres de milhares de inocentes aconteceram - e a queda da monarquia, acusaram-na de seguir os conselhos políticos da mãe, a imperatriz Maria Teresa, defendendo os interesses da Áustria, contrários aos do país adotivo. 

Morreu guilhotinada, repetindo o que aconteceu meses antes com seu marido. O processo foi precedido de maledicências que a converteram em personagem do célebre episódio dos brioches.

Acossada pela multidão que protestava contra a falta de cereais, escassez e má qualidade do pão, Maria Antonieta teria se saído com esta frase debochada: "Que comam brioches." Hoje, poucos acreditam nessa história. 

A Revolução Francesa, como todas as guerras civis, foi de uma brutalidade e injustiça sem fim. E Robespierre, o grande carrasco que impingiu o Terror executava qualquer um na guilhotina, não importava se eram crianças, velhos, doentes. O importante para esse tirano era o ódio a qualquer aristocrata. O sangue jorrava em praça pública, e o povo gritava, aplaudindo.  

Acabou, ele mesmo, guilhotinado.


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

CONSOLANDO O COGUMELO






Não fique triste, cogumelo! Pra mim, você é o mais bonitinho e aproveitável, dos três. Se não, vejamos> nenhuma pessoal normal gosta de brócolis, ainda mais do tal "arroz de brócolis". 

Noz é um problema, pois na hora em que a quebramos milhares de caquinhos da casca se misturam no miolo, tornando o consumo um suplício. Então, depois da terceira noz, desistimos. 

Já o cogumelo... Nunca nos enjoa, pode ser comido com vários molhos, serve de acompanhamento em pratos mais elaborados, tem uma textura fantástica e, dependendo do tipo, causa "viagens" inacreditáveis. Tô contigo e não abro!!!! 



COGUMELOS COMESTÍVEIS



Cogumelos adicionam algo especial a cada refeição e, quando você estiver familiarizado com os nomes dos diferentes tipos de cogumelos comestíveis, você pode comer um cogumelo diferente a cada refeição.


Conceituando: Cogumelos são fungos. Ao contrário das plantas, os cogumelos não precisam do Sol para crescerem. Desenvolvem-se a partir de esporos microscópicos que lançam aos milhões de cada vez, e não de sementes. E há vários tipos com seus formatos diferentes e interessantes. E alguns lembram, realmente, um pênis. 

COGUMELO FÁLICO

 
Cogumelos alucinógenos são aqueles que afetam diretamente o cérebro e os sentidos e causa alucinações e delírios, fazendo com que a pessoa veja, escute, cheire ou até mesmo tente tocar coisas que não existem. Nascem nas fezes do boi. 

                                                            COGUMELO ALUCINÓGENO


 

“Chapeu-da-morte” é o cogumelo Amanita venenoso, para se ter uma ideia apenas 50 gramas são suficientes para matar uma pessoa. 

 
 COGUMELO VENENOSO


Finalizando: Cogumelo, sinta-se feliz, pois só de olhar pra você eu sinto água na boca. 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

COLHEITA AMARGA (Bitter Harvest ): O Genocídio de Stalin







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Colheita Amarga: filme ucraniano lançado em 2017 vem para mostrar ao mundo o horror do socialismo pleno. 

Como todos já sabem, inclusive aqueles que defendem o socialismo, o que aconteceu na extinta União Soviética foi, certamente, um dos experimentos mais bem sucedidos do ideal socialista. Sim, muito bem sucedido!

Enganam-se aqueles que pensam que o socialismo deu errado apenas porque resultou em milhões de mortes, miséria e devastação civilizacional. Para o socialismo dar errado ele teria que gerar prosperidade, oportunidades melhores para as pessoas e, acima de tudo, qualidade de vida, e se assim fosse ele seria de fato um socialismo fracassado. 

 A ideia do filme é mostrar como Stalin massacrou uma população inteira em nome do poder, além de ter feito isso de uma forma extremamente cruel. Claro que dá para traçar paralelos com muitos outros genocidas, como Idi Amin Dada, Adolf Hitler, Pol Pot, Mao Tsé Tung, etc. 

O caso ucraniano, no entanto, é sem nenhuma dúvida um dos mais elementares: exterminar multidões usando a FOME !

Para quem assistiu o trailer, deixo o link direto legendado. Não se preocupe, fui eu quem baixou o longa em torrent, passei anti vírus e coloquei a legenda. 


LINK DIRETO



terça-feira, 4 de julho de 2017

PASTOR BELGA MALINOIS, MINHA EXPERIÊNCIA



Filhote Belga Malinois Fêmea com 2 meses




Linda cadela, mas...

Comprei, toda feliz, achando que ela seria uma companhia para mim e para meu Pinscher, pois gostamos de sair a qualquer hora do dia e da noite. Ledo engano.

A criatura, apesar da pouca idade, é mto brava. Não deu sossego ao meu cachorrinho nem a mim. Como só estava com 2 meses e faltavam vacinas, não pude levá-la pra rua, o que seria importante para sua sociabilização. Conclusão: ela ficou mto brava e destruidora, apesar de ter ganho vários presentes. Largava tudo só para me morder. Braços e pernas ficaram furados e roxos.

No fim de 15 dias resolvi contratar um adestrador desses cascudos, acostumados com ferinhas. 

Como o sujeito está habituado a lidar somente com clientes "globais", imaginou que eu temeria grana para desperdiçar. R$ 3000,00 por 2 meses de adestramento é brincadeira de gente sem noção. Principalmente para um cão com características agressivas. No mínimo 8 meses para domar a ferinha e ensiná-la a me obedecer. 

Resumo da ópera. Demiti o sujeito, na hora. E, pra me livrar do problema de uma vez por todas, dei a ele a cachorra. Ela me custou a bagatela de 1900,00 + casa comprada de acordo + vacina + inúmeros brinquedos + vasilhames para água e comida...  

Uma pena, pois a cadela é lindíssima, tem pedigree e seria excelente se o adestrador não fosse um narcisista que acha que o mundo o olha com respeito e admiração. Eu o vi como é: um explorador. 

Mas dei a cadela pro sujeito pq ela estava a ponto de machucar seriamente o meu Pinscher. Aí, coitada, minha raiva seria mto pior do que os rompantes de loucura da Belga Malinois. E com certeza ela iria parar num saco de lixo qualquer. 

Por isso, um conselho: nunca comprem um cão que pode oferecer perigo à sua casa ou família. A não ser que você tenha a sorte de conseguir um adestrador DECENTE e categorizado. Não foi meu caso, infelizmente. 



sábado, 1 de julho de 2017

BATE-BOCA NO CÉU






Eu não estava bem, nada bem. Percebi isto porque o ar me faltava e várias pessoas de branco corriam de um lado para outro, aflitas. Umas me espetaram o braço. Senti ser injeção, pois doeu como a picada de uma agulha. Apaguei.

Quando voltei a mim estava em outro lugar. Parecia um palácio, de tão grande. No saguão, muita gente conversando baixo, quase ninguém ria, apenas sorrisos contidos. E andavam de um lado para outro como se estivessem de férias, sem nada para fazer.

Olhei em torno e percebi um velho, muito velho, numa espécie de trono. Parecia cochilar. Ao seu lado, sentado num banquinho um homem muito moreno, quase pardo. Devia ter por volta de quarenta e poucos anos. Assustei-me com o adorno que trazia na cabeça – parecia uma coroa de planta espinhosa. “Que diabo é isso?”, pensei intrigada. “Eita, conheço a figura. Não, não pode ser, estou maluca”, disse de mim para mim. Mas o fato é que o homem pardo, de cabelo crespo e comprido, me lembrou os velhos santinhos distribuídos nas igrejas quando eu era criança. Com uma diferença: nada de olhos azuis e cabelos dourados, parecia, mais, um árabe.
Nisso, o velho me chamou. Voz fraca, rouca, mas autoritária:

̶  Chega aqui!

̶  O que é? Quem são vocês? Que lugar é este?

̶  Você está no céu. Sou o rei dos reis. Este aqui é meu filho que...

̶  Pode parar!  ̶  Eu o interrompi.  ̶  Que diabos estou fazendo aqui? Quero ir embora. Agora!

̶  Hei, me respeita! Você morreu, não percebe? Aqui é o céu. E todos querem vir pra cá. Aqui há paz eterna.

̶  Não quero paz, quero muvuca, gente, badalação... Isto aqui é o fim da picada.

̶  Você vai encontrar seus parentes queridos, não fica contente? E também tem meu filho que sofreu muito para tirar os pecados do mundo, não é, filhão?

̶  Ora, eu nem era nascida quando você mandou matar seu filho! Que pai degenerado! E não quero saber daquela velharia da minha família que já nem lembro da cara. Quero cair fora, tá ouvindo?

O velho ficou sem saber o que dizer. Matutava alguma coisa enquanto tirava a dentadura que o incomodava há séculos, e a limpava na manga da túnica encardida. Ao seu lado, o filho coçava a cabeça e ajeitava a coroa de planta espinhosa. Com certeza não tinha mais nada o que fazer pela eternidade afora.  Eles pareciam sem saber o que dizer diante de uma mulher tão brava, e indignada por estar ali. Não estavam acostumados com isto.

̶  Quero descer, voltar pra terra. Prefiro enfrentar pivetes e trânsito caótico do que ficar aqui nessa pasmaceira.

̶  Não pode. Morreu, tá morta  ̶  irritou-se o velho.  ̶  Melhor é se conformar. E aqui só tem gente boa, virgens, música suave, anjos, santos... Hoje mesmo vai ter um recital de harpa. O que mais você quer?

̶   Quero praia, sol, beijo na boca, e detesto harpa, tá ouvindo? E essas carolas são um tormento. E pra que me servem anjos se é tudo capado? Me poupe!

Nessa hora o filho, com aquele eterno olhar de resignação, tentou me entender e perguntou pra onde eu queria ir. E falou que a Magdalena podia ser minha amiga e me levar pra passear nos jardins. Tinha muita flor, passarinho e lagos cheios de peixes dourados.

̶  Magdalena, aquela puta arrependida? Tá doido? E não quero saber de passear em jardim nem em ficar olhando laguinho com peixe dourado. Prefiro o mar bravo, as ondas, o calor de 40⁰, a rua cheia de gente.

Pai e filho se entreolharam pasmos. Não sabiam o que fazer, nem dizer, porque uma coisa era certa: para o mundo eu não poderia voltar. Resolveram, então, chamar o Mentor Real, um pombo que sabe tudo. Ele era o conselheiro para assuntos corriqueiros e para os difíceis também. Afinal, eles nunca haviam dado de cara com uma pessoa que detestasse o céu, muito pelo contrário, e talvez o Mentor soubesse o que fazer.

Voando meio de banda, já com as penas carcomidas pelo tempo, e cega de um olho, chegou a ave e pousou no braço do velho. Cochicharam por algum tempo numa língua estranhíssima  ̶  um arrulho intercortado por ais e uis  ̶  aliás, o mesmo dialeto que os Carismáticos usam em cerimônias dignas de hospício. Me olhavam de soslaio, imaginando que eu devia ter algum distúrbio emocional grave.

Ele voou para o meu lado, tonto como se tivesse de porre, e pousou perto. Pensei “Vou dar um teco nesse pombo sem GPS”, mas me contive, temendo represálias. Afinal, dizem que a ira do Todo Poderoso é terrível, e não sou besta de enfrentar isto. Vai que o velho resolve fazer chover 100 dias e 100 noites? Eu ficaria na maior deprê, com certeza. E, ainda mais, presa naquele lugar.

̶  E então, resolveram o quê? Aqui não fico, já disse  ̶  berrei.

̶  Vamos chamar minha mãe. Como ela também é mulher, vocês podem ficar amigas  ̶  sussurrou o filho, sem grande entusiasmo.

 Aliás, o sujeito parecia um deprimido crônico: não ria, falava baixo como se estivesse com medo do pai. Também, ninguém merece ser mandado para a morte pelo próprio genitor. Fica com um trauma que não há psicanalista que resolva. Mas eu não tinha nada a ver com isto e não me meto em assuntos de família.

̶  Não, mesmo! Não quero saber de nenhuma mulher que espalha aos quatro ventos que seu filho foi feito por um pombo e depois diz que a criança é de outro. Isto é bizarrice da grossa. Nem em manicômio tem uma coisa dessas!  ̶  retruquei.  ̶   Já sei! Quero ir para o inferno. Assim vocês se livram de mim e eu, de vocês. Lá vou encontrar pessoas normais, que gostam de comer, transar, dançar... Só espero que não tenha baile funk.  É isso! Me mandem para o inferno!

Os três se entreolharam espantados. E irritados com minha audácia. Afinal, eles não queriam perder uma alma para seu arqui-inimigo, o capeta  ̶  seria péssimo pra sua imagem. Não concordaram. Com voz melosa o velho tentou me bajular:

̶  Não podemos fazer isso. Você sempre foi uma pessoa do bem, ainda que seja muito atrevida. Pra lá só vai quem não presta.

Me enfureci, desesperada. E pulei no pombo cego de um olho, tentando esganá-lo. O filho, até então inexpressivo,  gritou e começou a chorar. O velho ficou vermelho, quase enfartando, e o pombo se debatia soltando penas pra tudo quanto é lado. Nesse momento o chão do céu se abriu e por ele surgiu a cabeça morena do capeta. Ele ria a bandeiras despregadas  ̶  o céu havia se transformado num pandemônio: as carolas corriam como baratas, de um lado para outro, se benzendo e rezando alto; os anjos, eunucos de nascença e por isto, bastante efeminados, batiam as asas, espalhando purpurina e dando gritinhos, enlouquecidos porque nunca haviam presenciado uma coisa dessas; padres e freiras se ajoelharam, aos prantos.

̶  Eita mulher danada!  ̶  gritou o capeta, gargalhando sem parar.  ̶   Vamos nessa, eu te levo, isto aqui é insuportável!  ̶   Emendou.

Eu já estava pronta pra descer pelo buraco aberto no chão e ir para onde as coisas acontecem. Mas aí o velho se levantou do trono, apoiado no braço do filho, e falou com raiva:

̶  Tá bom. Mas com esse aí você não vai! Volta pra terra e que se dane, sua insubordinada! O que você acha, filho? Melhor isso do que perder pro chifrudo.

̶  Você é quem manda, papi  ̶  respondeu um amedrontado Emanuel. Ele não era besta de contrariar o velho. Uma vez já fora parar na cruz; duas, seria demais pra qualquer santo.

O pombo cego de um olho, mas narcisista como ele só, pois era considerado a eminência parda do reino, aproximou-se de mim e me deu uma bicada no braço. A dor me fez desmaiar.

Acordei na minha cama. O sol estrava pela janela e o ventilador rodava a todo vapor. Me arrumei rapidinho e me mandei pra praia. Nunca o mar me pareceu tão maravilhoso, mas um machucado no braço ardeu pra caramba em contato com a água salgada. Olhei o ferimento. Parecia feito por algo que fura. “Esquisito isto”, pensei, distraída.